4 de setembro de 2009

ENSAIO LITERÁRIO


Textos de alunos das turmas de nono ano, baseados no conto "O peru de Natal", de Mário de Andrade. A proposta pedida pelo professor Marco Aurélio Castro foi a de que, diferente do conto de Mário de Andrade, os alunos fizessem um texto no qual pudéssemos ouvir a versão do Peru. Ou seja, dessa vez era o Peru quem falava. O resultado: Confiram abaixo!


O Triste fim de Joe

Não acredito! Justo na melhor época do ano serei devorado. Só de imaginar que serei repartido entre essas pessoas, me dá enjôo (como se eu tivesse estômago). Se eles pudessem me entender, eu diria para não comerem a coxa, é a parte do meu corpo que eu mais gosto.
Não acredito que eles me escolheram. Por que não poderia ser o chato do meu primo Lue. Só porque ele é o mais bonito?
Ah! Desculpe-me, que falta de educação a minha, meu nome é Joe.
Isso não é justo – como se a vida fosse justa – amanhã eu ia me casar, o pior é que não poderei ver aquelas lindas peruas na minha despedida de solteiro. Oh vida!
Vou contar como foi a minha morte:
-- Estava eu, calmamente andando no terreiro, tão feliz, era à noite, eu ia cantar uma serenata para a Luci – amor da minha vida. Eu tomei fôlego, fechei os olhos, e quando ia cantar.... Daí eu não lembro mais, só lembro de estar aqui, na mesa.
Agora, eu me conformo, estou aqui, temperado e delicioso. Agora é só esperar ser devorado.
Leonardo Silva, turma 903


As últimas palavras de um pobre Peru de Natal

Era natal, e lá estava eu em cima da mesa, assado.

Agora sim eu sabia o que acontecia aos meus amigos que eram levados da granja. Todos nós sabíamos que acontecia algo ruim, mas de qualquer forma, agora eu tinha certeza do que era. Pena não poder contar aos meus amigos!

Mas, apesar de tudo, acho que eles não passaram por esta situação na qual me encontro: rodeado de pessoas famintas, morrendo de vontade de me comer, mas mesmo assim estão dizendo que não vão me comer. Afinal, para que me comer? Por que comemorar o nascimento de uma pessoa tão especial, matando uma ave indefesa? O que eu fiz para merecer isso? Acho que nada.

Pelo que percebo, não querem me comer, pois algo muito triste aconteceu na família, a morte de um ente muito querido. E, ainda por cima, comparam-me a ele! Era melhor terem me poupado a vida, e estariam felizes agora, e eu estaria dando graças a Deus, pois não seria devorado.

No entanto, vejo que um cara está encorajando a família a fazer o contrário. É um estraga prazeres! Bem que no meio desta confusão alguém poderia ter a idéia de perguntar a minha opinião... Mas, isso seria ridículo, pois perus não falam, e a resposta seria óbvia: Não me comam!

Na verdade, agora é que eu não ia poder falar nada mesmo, o plano daquele homem deu certo e todos estão convencidos de que não há nada demais em devorar-me. Estou frito! Ou melhor, assado!

É, este foi o meu último natal, mas antes tive direito a um último pedido: Socorro! Socorro! Socorro!

Juliana Vitorino, turma 904.


Um comentário:

JB News disse...

ótimo trabalho os dos alunos e os da equipe JB News...adorei os textos dos alunos.
uhul!
Andrérgound Miojo